Quarta-feira, 23 de outubro de 2024
Diretamente do Portugal Digital Summit, promovido pela ACEPI (Associação de Economia Digital de Portugal), trago os principais insights do primeiro dia do evento. O encontro reúne líderes da indústria, especialistas e inovadores para discutir e explorar as tendências e tecnologias no setor digital, com especial foco na Inteligência Artificial (IA). O evento conta com mais de 150 oradores nacionais e internacionais, distribuídos por três auditórios diferentes.
Este ano, o tema principal é “AI and Beyond: Shaping Tomorrow’s Digital Landscape”. O slogan mostra que o país está alinhado com o movimento global, mas o principal indicativo desse progresso são os investimentos robustos em tecnologia realizados por empresas instaladas em Portugal — sejam elas portuguesas ou não — e, principalmente, pelos programas promovidos tanto pelo governo português quanto pela União Europeia.
A IA, sendo a “bola da vez”, está revolucionando o mercado português com uma rapidez sem precedentes, tanto na operação das empresas quanto na vida em sociedade. Embora o país tenha demorado para adotar essas tecnologias, agora chegou a hora de mudar esse cenário, sempre valorizando os talentos locais e criando oportunidades de trabalho promissoras nesse setor.
Com a Espanha como país convidado, o evento trouxe muitos insights interessantes sobre inovação. Segundo Luís Mestre, membro do conselho executivo da MEO, “a região está se tornando um ponto de conexão entre o que acontece na Europa, nas Américas e, por meio dessa ponte, com a África também”.
Além de sua posição geográfica estratégica, Portugal e Espanha têm se concentrado em oferecer facilidades, programas governamentais e um excelente estilo de vida para atrair nômades digitais, tornando-se destinos atrativos para talentos de todo o mundo. Em outras palavras, a atração de jovens talentos é uma questão de políticas públicas que exige investimento.
“O mercado brasileiro oferece excelentes profissionais. Alguns enfrentam dificuldades de adaptação do ponto de vista familiar ou cultural, mas, na maioria dos casos, essas contratações são bem-sucedidas e um verdadeiro sucesso”, afirma Manuel Maria Correia, Country Manager de Portugal na DXC Technology.
Portugal também forma grandes talentos e possui ótimas universidades, mas o país enfrenta um desafio significativo: reter seus profissionais de tecnologia. O mercado local é pequeno e menos competitivo em comparação com outros países europeus, que, por sua vez, sofrem com uma grande escassez de profissionais de TI, enquanto a demanda por esses profissionais continua crescendo rapidamente.
Empresas como a DXC Technology, uma spin-off da HP, têm investido em programas de formação para requalificar profissionais de outras áreas que desejam continuar em Portugal, a fim de suprir a demanda por talentos competentes.
De maneira geral, um dos aprendizados que extraio sobre o mercado português é o seguinte: grande parte do avanço observado se deve à capacidade de experimentar, implementando primeiro processos sólidos e, em seguida, a IA como uma camada adicional. Não se deve colocar a IA à frente de seus propósitos.
Se a mudança é um ato de coragem, Portugal está passando por uma transição muito corajosa. Além de enfrentar a concorrência em um mundo globalizado, a transformação digital é, para as empresas portuguesas, uma questão de sobrevivência.
Encerrando, compartilho uma impressão recorrente que tenho de eventos na Europa: há um foco constante em transformar as empresas em centros de inovação e criatividade, mas sempre com grande preocupação com a ética em relação ao consumidor, a proteção de dados, a privacidade e a segurança. Pode ser apenas uma impressão, mas acredito que a sociedade europeia exige, e até pune, empresas que agem de forma contrária a esses princípios. Por isso, essa preocupação parece ser genuína nas empresas europeias.
Ah, e não esqueça: quanto mais avançamos tecnologicamente, mais importante se torna o fator humano. Junto ao investimento em tecnologia, é fundamental investir no desenvolvimento profissional e na criação de uma cultura de colaboração dentro das equipes.
é empresário, publicitário e especialista em marketing digital, CEO / Founder do Digitalks – principal gerador de conhecimento e negócios na área digital – e Diretor de Eventos e Integração Nacional da ABRADi. Foi diretor de negócios na Media Factory, tem experiência no mercado de internet desde 1999, com passagens pelo BOL e UOL, além de ter montado o seu próprio e-commerce em 2002.
Comentários