Segunda-feira, 14 de setembro de 2020
A coisa mais difícil na gestão de empresas (e não só) é a gestão de pessoas! Este será um facto reconhecido, provavelmente pela grande maioria dos gestores e líderes empresariais, pelo esforço e tempo investido diariamente com essa tarefa.
“Até aqui tudo normal”, tendo em conta que qualquer empresa é constituída por pessoas e são elas o motor de trabalho para a entrega de valor acrescentado dos produtos ou serviços criados.
Mas, o que têm as pessoas a ver com os erros da Transformação Digital? Quando se coloca Tecnologia no caminho dos Processos das empresas, tendo em vista assegurar melhor níveis eficiência ou novos modelos de eficácia, há um terceiro componente que tem de estar alinhado, que é precisamente o factor Pessoas.
E tudo começa na própria pessoa que lidera a empresa. Um líder de empresa, para garantir que há sucesso na transformação digital, tem de ter várias características essenciais: visionário, inovador, comunicador e resiliente.
Visionário, pois tem de saber para onde quer levar a empresa no curto, no médio e, acima de tudo, no longo prazo. Precisa entender que está num jogo infinito (usando um dos conceitos mais recentes de Simon Sinek), isto é, num modelo de competição no qual o líder está de passagem na empresa para a fazer crescer e a fazer continuar a crescer, mesmo após a sua saída.
Inovador, tendo em conta que é fundamental que o líder saiba “fazer diferente” para procurar fazer melhor. É crítico que ambicione criar mais valor, entendendo a evolução do mundo e da tecnologia. Necessita, por isso, de ser inconformado com o que tem diariamente. O pior que pode acontecer a um líder é dizer a frase “Isso nunca vai acontecer”. Nesse dia, dará a sentença de morte à sua empresa. Se ele não acreditar na mudança e passar a ser alguém conformado com o que tem, haverá outra empresa que acreditará no “impossível”, que foi em busca de algo melhor, culminando certamente na ultrapassagem desta competição infinita, que é a vida do mundo empresarial.
Comunicador, mas bom! A palavra transformação implica mudança, pelo que quando uma empresa inicia uma viagem de Transformação Digital, é fundamental saber comunicar o que é essa mudança, quais os seus benefícios e qual a visão de futuro para a empresa. Um líder visionário que não saiba comunicar a sua visão à equipa, nunca terá um equipa informada e alinhada consigo e com o projeto, pela simples razão de não saber o que se pretende. Saber comunicar é criar imagens, é saber envolver, enquadrar, estruturar e até melhorar a visão e o projeto de transformação, com o modelo de criticas construtivas criadas em conjunto com a equipa.
Por fim, a quarta característica é a Resiliência. Como referi, a Transformação Digital é uma viagem, a qual não é sobre uma estrada em linha reta, mas com muitas curvas e contra curvas, passando por montes e vales, com algumas fases onde o piso dessa estrada tem alguns buracos, com algumas paragens e marcha à ré. Mas, com um fator essencial, que é ter a capacidade de garantir que se avança e, tal como numa viagem turística, que conhecemos mais mundo e mais conhecimento, que nos faça avançar no próximo quilómetro de forma mais sólida.
Então e as outras pessoas da empresa? Qual o papel delas? Não contam na viagem da Transformação Digital? Contam e muito! São elas quem acredita ou não na visão do líder. São elas que são o motor do carro que fará essa viagem. São elas quem acrescenta valor às ideias do líder. São elas quem cria o dia a dia da empresa. Haja nelas também as quatro características identificadas no líder e os erros cometidos (as tais curvas e contra curvas) na Transformação Digital serão certamente menores. Uma equipa sem visão e sem envolvimento será sempre um entrave à inovação, será o parafuso mal colocado no motor, criando desgaste continuo e crescendo.
Se há algum erro na Transformação Digital, esse erro não estará normalmente na tecnologia, mas nas pessoas (líder incluído) que não saibam ou não queiram entrar nessa viagem digital de transformação.
Com mais de 20 anos de experiência profissional é atualmente Diretor Geral da IPTelecom, tendo anteriormente sido Diretor Comercial e Desenvolvimento de Negócio da Infraestruturas de Portugal S.A., Diretor de Sistemas de Informação na EP – Estradas de Portugal S.A. e Professional Services Manager da Sybase Inc. em Portugal. A nível universitário é Diretor Executivo da LISS – Lusofona Information Systems School, Diretor da ESCAD – Escola Superior de Ciências de Administração do IP Luso, Diretor da licenciatura em Informática de Gestão da ULHT e Docente da ULHT. Licenciado em Engenharia Informática pelo IST, MBA na Universidade Católica Portuguesa e DBA – Doctor in Business Administration no ISCTE/IUL com a Tese “Business Models for Open Source Software Vendors”.
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