Sexta-feira, 04 de novembro de 2022
“Nunca tivemos tanta necessidade de uma liderança iluminada como estamos a ter agora”
– Deepak Chopra, 2010
Esta frase foi escrita há 11 anos, mas poderia ter sido escrita agora. Isto deve-se possivelmente ao facto de os desafios ao nível da gestão de pessoas e equipas serem cada vez maiores. A conjuntura socioeconómica que o mundo atravessa neste momento, agudizada pela pandemia provocada pela COVID-19 representa um enorme desafio aos gestores da atualidade.
É fundamental que, primeiramente, cada um de nós se coloque no papel de líder da sua própria vida, gerindo as interações com as outras pessoas e assumindo a responsabilidade das suas decisões, em casa, no trabalho e em todos os âmbitos. Um líder é a alma simbólica do grupo e a base do seu poder inspirador deve vir do seu próprio ser, baseado na criatividade, inteligência, organização e amor. O seu papel é preencher as necessidades dos seus colaboradores de forma a elevar o potencial do grupo. Os grandes líderes são aqueles que conseguem responder às suas próprias necessidades e às da sua equipa a partir de níveis mais altos de moral, visão, criatividade e um sentido comunhão com as pessoas que lideram.
O conceito de liderança tem evoluído muitos nos últimos anos e abandonado a teoria de que um bom líder é aquele que possui o melhor quociente de inteligência (QI), ou que são traços específicos da sua personalidade que lhe garantem essa valência. Hoje consideremos o papel das emoções, através do quociente de inteligência emocional (QE), como um dos fatores que pode fazer a diferença. Sem ela, um individuo pode ter a melhor formação do mundo, uma mente incisiva e analítica e um suprimento infinito de ideias inteligentes, mas não será um bom líder (Goleman, Daniel 2014).
Depois há que ter em consideração o contexto, sempre em mudança e numa cadência evolutiva cada vez maior. Nenhum líder é eficaz se não for capaz de se adaptar. Nesse sentido, mais do que as hardskills, são as softskills cada vez mais as preditivas de sucesso numa dada função.
Assim, o desafio na atualidade é ir à essência deste construto (conceito teórico não observável diretamente que necessita de uma definição clara e sustentação empírica) com mais de um século de existência, e aprender com o que a história nos ensina. Um pouco à semelhança da Engenharia reversa, um processo em que o produto é desconstruído para extrair informação, é necessário atomizar o construto de liderança a fim de lhe recuperar a essência e (re)construir um modelo sustentado que se coadune com os desafios da atualidade. Isto sabendo sempre de antemão, que um bom modelo, é aquele que será sempre um work in progress. De outra forma, acabará obsoleto rapidamente.
Por isso, quando falamos em Formação de Líderes, devemos tratar as Softskills (Competências Comportamentais), como verdadeiras Power Skills, pois são elas que vão dotar o líder da atitude certa para enfrentar os desafios nesta nova era digital e cada vez mais descentralizada em termos de recursos humanos.
Assim, a formação em Liderança deve potenciar as 5 principais Power Skills do Líder: Comunicação Humanizada; Orientação para a tecnologia a favor das equipas; Desenvolvimento da Saúde Mental dos colaboradores; Inspiração por meio do exemplo e da comunicação; e Inovação Constante.
É, simultaneamente, uma competência e um grande desafio que se coloca. Nem sempre é fácil ser líder e tratar os seus colaboradores com humildade e compreensão, mas essa é condição essencial para ter sucesso nas organizações atuais. A figura do líder dominador e autoritário foi substituída por uma visão mais humanitária. A humanização da figura do líder é um diferencial importante nos dias de hoje, e confere mais competitividade à organização. As organizações do futuro vão-se destacar pela liderança que atrai e conecta os colaboradores, por oposição a um ecossistema de subserviência e ausência de autonomia. Esta postura demonstra que quem lidera uma organização, um setor ou uma equipa não se preocupa apenas com a produtividade, nem tão pouco olha para os seus colaboradores como um recurso da organização, cuja única finalidade é gerar lucros.
Já não é possível pensar numa organização sem se pensar no uso das tecnologias. Esta necessidade ficou ainda mais clara com o trabalho à distância. No entanto, o incremento das tecnologias nem sempre é visto com bons olhos pelos colaboradores, já que existe a possibilidade de vir a reduzir alguns postos de trabalho tradicionais. Cabe ao líder do futuro considerar a tecnologia, ao mesmo tempo que valoriza o trabalho humano e a requalificação para a transição digital. Com os softwares e equipamentos e com a automatização de processos, os colaboradores têm a oportunidade de se atualizar e evoluir, o que não aconteceria se ficassem condicionados à execução de tarefas meramente operacionais e rotineiras.
Um líder não se pode limitar a desenvolver os outros do ponto de vista técnico. Um bom líder deve também preocupar-se com a saúde mental dos colaboradores. Se o colaborador vê a organização apenas como um ambiente corporativo, em que troca as suas competências por dinheiro, dificilmente se sentirá feliz na organização. É fundamental que o colaborador veja os colegas e até os líderes como uma segunda família. Uma das coisas que mais afeta a saúde mental do colaborador, principalmente as suas emoções, é a pressão constante que algumas atividades e gestores podem exercer sobre ele. Essa pressão dificilmente vai deixar de existir, mas o líder do futuro deve saber encontrar o meio-termo. É realmente um grande desafio manter a preocupação pela saúde mental dos colaboradores e, ao mesmo tempo, assegurar o ritmo de trabalho necessário para atingir os objetivos da organização.
Apresenta-se como um dos melhores recursos do líder do futuro, pois dota-o da capacidade de persuadir os seus colaboradores com a ajuda de uma comunicação eficaz. A palavra é uma excelente arma para o orador, e qualquer líder, em vários momentos, precisará de a usar. Ser um exemplo é fundamental. Os colaboradores sentem-se motivados, quando veem um líder ativo, empenhado no seu trabalho, agindo de acordo com o que comunica.
Representa a capacidade de inovar constantemente, ou seja, o líder deve ficar atento às tendências do mercado. A procura por soluções inovadoras foi potencializada pelo contexto da pandemia, mas é uma prática que deve ser incentivada e apoiada pela liderança constantemente. Neste ponto existe, inclusivamente reciprocidade, uma vez que, quando os líderes estão envolvidos e comprometidos com a inovação, as organizações têm mais facilidade para criar um ambiente propício para ela.
Também os modelos tradicionais de formação terão de ser substituídos. Para capacitar os novos líderes destas Power Skills, teremos de recriar estes ambientes e potenciar sessões imersivas em que a sua realidade é replicada em contexto pedagógico, com metodologias ativas assentes na prática e não na teoria. Mais que formação, o que queremos é a transformação destes líderes, e por isso, há que também inovar nas metodologias.
Tendo como base o Modelo de Aprendizagem e Desenvolvimento, devemos utilizar como referencial para a criação de cenários de aprendizagem seguinte:
Desta forma, os desafios estão traçados e em cada organização há que se olhar para as suas Power Skills, admitindo que a fórmula pode ser adaptada de acordo com o contexto, mas acima de tudo, deve ser feita uma aposta nas metodologias certas, para garantir consolidação de conhecimento e transformação do mesmo em práticas concretas de liderança.
Se deseja debater mais sobre as novas características de uma boa liderança, participe da Cimeira Lusófona de Liderança. O evento é gratuito e convida os executivos a falar sobre os atuais grandes desafios de gestão e de liderança, a partilhar boas práticas e a revelar a sua visão de futuro. Este evento é organizado pela Chastre Consulting e conta com a parceria da Jason Tribe e a Martech Digital.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do site www.cimeiralusofonadelideranca.com até ao dia 11 de Novembro, com um número limitado de vagas.
CEO da Chastre Consulting, empresa especializada na formação e coaching para Líderes, Anabela é ainda Docente Universitária em Lisboa e Coimbra e Oradora Internacional na área da Gestão de Pessoas e Liderança. É Presidente da CLL – Cimeira Lusófona de Liderança, evento promovido pela Chastre Consulting, que reúne anualmente CEOs, Executivos e Diretores de empresas de todos os setores de atividade, para discutirem e partilharem novas abordagens à Liderança nas Organizações.
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