Quinta-feira, 05 de março de 2020
Se você estiver acompanhando a velocidade vertiginosa com que a tecnologia tem evoluído, você certamente deve estar se perguntando (e talvez se preocupando) se (ou quando) as máquinas poderão (ou irão) te substituir no trabalho, ou como vão alterá-lo. Essa não apenas é uma questão válida, como também de essencial importância para o planejamento estratégico da sua vida: desde o início dos tempos, a tecnologia é o principal fator que transforma a nossa realidade, inclusive o trabalho. Foi assim com o fogo, com a roda, com a agricultura, e qualquer outra tecnologia que entrou na nossa história.
O agravante, hoje, é que as revoluções tecnológicas estão acelerando – até o início do século passado, o ciclo de vida de uma tecnologia impactante era sempre maior do que o ciclo de vida de uma pessoa. A gente nascia e morria sem ver grandes transformações no mundo ao nosso redor, a não ser se vivêssemos os períodos de revoluções. Agora, passamos a experimentar várias disrupções tecnológicas profundas durante o espaço de tempo da nossa existência – e isso complica as coisas, pois requer uma estratégia cada vez mais rápida de adaptação de habilidades, de forma inédita na história da humanidade.
Se antigamente não conseguíamos perceber a mudança, atualmente ela certamente não passa despercebida — veja a aceleração na evolução dos modos de trabalhar (de forma ampla) até chegarmos aqui:
Nesse contexto, vivendo um ritmo tecnológico cada vez mais frenético e complexo, pensar na substituição tecnológica para profissões inteiras não é uma forma eficiente de analisar os impactos da automação no trabalho. O modo mais preciso e eficiente para avaliar a transformação tecnológica do trabalho é analisando as atividades que compõem o trabalho e verificar o potencial de automação de cada uma – assim, as profissões são impactadas de formas distintas pela tecnologia, em função do potencial de automação de cada atividade que as compõe.
”A tecnologia não elimina profissões, ela transforma — as profissões são impactadas de formas distintas pela tecnologia, em função do potencial de automação de cada atividade que as compõe.”
Dessa forma, para saber o potencial de automação de uma profissão (e consequente o potencial de substituição tecnológica), pense no trabalho desempenhado nessa profissão como um conjunto de atividades, e aí então, avalie cada atividade separadamente. Vários estudos apontam que atividades previsíveis repetitivas – tanto mental quanto físicas – são as mais suscetíveis de automatizar, enquanto atividades complexas que requerem soft skills são as mais difíceis de serem automatizadas (pelo menos atualmente, e em um futuro próximo).
Pensando, então, em atividades, normalmente, a primeira avaliação que faz para determinar se ela tem potencial de ser automatizada (ou não) é a sua viabilidade técnica de automação – ou seja, a tecnologia atual/emergente consegue realizar aquela atividade? A imagem a seguir traz uma análise publicada pela McKinsey sobre a viabilidade técnica de automação de atividades no trabalho.
É importante observar que o trabalho manual previsível (realizado em ambientes controlados, como indústrias), processamento e coleta de dados são atividades altamente suscetíveis a automação e tendem a ser cada vez mais rapidamente realizadas por máquinas. Some-se a isso as atividades de trabalho manual imprevisível e interações com Stakeholders, que também são suscetíveis à automação em breve. Nos Estados Unidos, essas atividades somadas representam 79% do tempo gasto pelos trabalhadores hoje em ocupações que possuem viabilidade técnica para serem automatizadas – sendo que 51% delas têm alto potencial para a automação.
Por outro lado, a viabilidade técnica para automatizar atividades que envolvem soft skills (gestão de pessoas e aplicação de expertise na tomada de decisões, planejamento e tarefas criativas) são as menores, tornando essas atividades menos suscetíveis à automação no curto prazo.
Até aqui, você provavelmente já deve ser capaz de calcular a viabilidade técnica das atividades do seu trabalho para avaliar o seu potencial de automação e o grau de impacto que isso pode causar na sua profissão. A próxima questão natural é como você deve se preparar para isso. As decisões que devem ser tomadas agora, em função disso, são — 1) o que devo automatizar e parar de fazer?; 2) o que preciso aprender, começar a fazer ou fazer melhor naquilo que as máquinas não têm (ainda) potencial técnico para fazer?
Esse é um bom caminho para começar a pensar nas suas habilidades para o futuro, no entanto, antes de tomar decisões, é importante ressaltar que a viabilidade técnica para automação não é o único fator determinante do potencial de automação de uma atividade. Existem 5 outros, a saber: custos para automatizar, escassez relativa de trabalhadores humanos; benefícios secundários da automação e considerações regulatórias e aceitação social da automação. Vejamos:
E aí? Conseguiu avaliar o potencial de automatização das atividades do seu trabalho e o impacto que isso terá na sua profissão e carreira? E, agora, mãos à obra e se qualificar para o futuro. #tamojunto 😉
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Martha falou um pouco acerca deste assunto na Live do Expo Fórum Digitalks, assista a gravação:
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é PhD, futurista, escritora, autora dos best sellers “Marketing na Era Digital” e “Você, Eu e os Robôs”, palestrante keynote internacional premiada, com 5 TEDx no Brasil. É também embaixadora da Geek Girls LatAm no Brasil, instituição internacional sem fins lucrativos que fomenta a educação de garotas em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
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